sábado, 2 de junho de 2007

A Guerrilha passou pelo Ralo

O fedor dos guerrilheiros que passam por valas e por esgotos, por dias a fio sem tomar banho, para atingir o seu objetivo, incomoda aos burgueses que estão no comando do sistema e que visam manter a estrutura do capital artístico que gera apenas ilhas de cultura burguesa.
Que alegria! Descer de Serra Maestra, chegar a Hanói e ver o mundo comemorar o meu fedor. Esse fedor de Cheiro do Ralo. É insuportável ver o dinheiro público manter a grupos de pseudo intelectuais que se locupletaram por décadas a fio de um esquema que mereceria uma operação guilhotina.
Fui ver ontem o Cheiro do Ralo e, com alegria, saí do cinema sentindo o cheiro do ralo. Que perfume. O filme? Bom, sim, muito bom mesmo. Odeio essa coisa de lista dos melhores filmes, mas não estará na minha lista dos meus 100 melhores filmes. Certamente na minha lista dos 100 melhores nacionais. Filme que tem importância estética, narrativa, mas, sobretudo, o que me dá alegria vem dos bastidores. Ou melhor: do ralo.
Lendo um jornalzinho (o diminutivo nada tem de pejorativo) promocional do filme, fiquei sabendo que o orçamento inicial do filme, girava em torno de 2,5 milhões, orçamento baixo para um longa metragem. O filme foi feito com R$ 330.000,00!!!!!!!! isso é cinema guerrilha. Um projeto de fazer um filme e o desejo de chegar ao final. E chegar com 20 cópias!!!!!!
"Na cooperativa o filme trabalha literalmente sem receber cachê algum. No nosso caso, muitos são os parceiros do negócio. Todos que, ou são produtores, ou abriram mão do cachê para tornar o filme possível, receberão o retorno financeiro caso o filme tenha sucesso comercial", explica Marcelo Doria, um dos produtores associados do filme. "Este modelo tem sua cota de risco, já que não há garantias de que o filme terá retorno finaceiro. Mas este modelo nos parece mais adequado à realidade do cinema brasileiro, que depende do investimento de terceiros e quase nunca apresenta nenhum risco. Preferimos o risco", acrescenta.
"Chegamos à conclusão de que filmar no chamado esquema de guerrilha seria a única solução para não guardar o projeto na gaveta", atesta Rodrigo Teixeira, também produtor.
Gozo, como Lourenço, sentindo o cheiro do ralo. Gozo, quando divulgo o filme no boca a boca (publicidade guerrilha), gozo, quando vejo um fio de esperança de buscarmos um modelo que seja "mais adequado ao modelo de cinema brasileiro". Gozo quando vejo o cheiro subindo pelo ralo, ao invés de ver o dinehiro descendo por ele.
(Gozo também qaundo vejo 'A IMENSA BUNDA E MAIS NADA', mas isso é outra história.)
Que Lourenço seja o capitalista do cinema brasileiro que vive e deseja apenas o dinheiro, sem se importar com as histórias do povo que precisa do dinheiro, sem se importar com as histórias dos objetos, sem se importar com a mãe, com a nossa pátria, mãe gentil. sem se importar com nada. O louco cineasta capitalista que se isola do mundo e que guarda tudo, para... para nada.
Lourenço veio do ralo! Ao final, foi assassinado e tentou voltar para o ralo. Que morram os cineastas da insdústria da arte, que morra o esquema de produção que não é meu, que não é do Brasil. Que desça pelo ralo não os velhos do cinema, mas os velhacos. Que desçam pelo ralo, para ver se o dinheiro apra de descer.
E que suba pelo ralo o cheiro da guerrilha. O Cheiro do Ralo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Um cheiro

Anônimo disse...

Vc já me convenceu a SENTIR o "Cheiro do Ralo". Em todos os sentidos.

Espero que não fique nauseada.

beIGo.
:)

Anônimo disse...

'A IMENSA BUNDA E MAIS NADA'...
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda

(drummond)

Anônimo disse...

Saudades do meu guerrilheiro.

Tô na guerrilha com você, ainda que apoiando só em pensamento.